segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

POEMA NA TERRA O PURGATÓRIO

 
 
NA TERRA O PURGATÓRIO 
   
Será obrigatório?
Será talvez dogmático!
Na terra o purgatório
Dizer será carismático!
Céu, purgatório, inferno, velório
Jeito beático
Quatro anos, dado categórico
A mãe talvez achasse, saber-me estático
Levou-me aquele partilhado oratório
O avô Zé da Avô jazia, em jeito simpático
A mesma simpatia de relatório  
Ficara louco, não precisava de ser simpático
Para a sua mente doente, já tudo era aleatório
Não reconhecia os seus netos, ficando cismático
Quando o único que conhecia, o Luís Honório
O olhava e dizia, é o Daniel filho da tia Madalena, enfático,
Respondia: “coitadinho do meu netinho”…  O recordo simplório
A frase, do seu parco vocabulário automático,
Automático, de louco sem reportório
Na terra paradigmático
Céu, purgatório inferno, será na terra o zimbório
Foi cá que o avô, por afinidade, penou dramático!
Antes de enlouquecer, seria já um ser abonatório
A impressão ficou a de avô simpático
Com tão tenra idade andava quilómetros a sós ao Foz, ao sanatório!
A vista do mar, a imensidão prendia o meu olhar fotográfico
Vi na terra o purgatório
O penar do avô enlouquecido, antidogmático
Céu, purgatório, inferno, velório!
Na terra o purgatório!



Daniel Costa
  

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