domingo, 8 de abril de 2012

POEMA O ENFORCADO


O ENFORCADO

Vou contar um segredo danado
A cores e ao “vivo”, há coisas que se detém
Precisamente há cerca de sessenta anos vi um enforcado
Tratava-se do Elias que tanto o apregoara
Que já ninguém acreditava no desgramado!
Um dia aconteceu, Deus meu!...
A notícia correu célere, entre o rapazio
O Elias não podia ter ganho o Céu
Por vontade própria estava dependurado
Pendia do barrote do seu palheiro ao léu
Depressa, no intervalo das aulas
O rapazio, na sua inocência para ali correu
O Elias ali dependurado
Era no último dos anos quarenta
Ainda não chegara a autoridade para o dar como acabado
Ali só, baloiçava como pendente do céu
Sem ao menos o corpo ser guardado
Por algum agente da autoridade
Era naquele tempo danado!
E o Elias, já idoso, toda a vida dissera
Que poria termo à vida, por ele próprio seria mal amado?
Ditara tanto essas palavras que já todos achavam quimera
Um dia, como o dizia, apareceu suicidado
Se lermos e acompanharmos os signos desta era
Por vezes aparece-nos: “regido pelo enforcado”!
Andava na escola
Nunca esqueci o Elias, o danado

Daniel Costa


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