terça-feira, 17 de janeiro de 2012

POEMA NATAIS DA MINHA RECORDAÇÃO


NATAIS DA MINHA RECORDAÇÃO

Em tempos que lá vão
Passaram sessenta Natais
Mais os que marcaram a minha recordação
Foram tempos tais
Vivia-se o pós Segunda Grande Guerra
A escassez, a pobreza era tanta, na Europa
Onde só havia espiões, nesta terra
Até o Deus menino era pobre
Não tinha meios de descer as chaminés
As do pobre, guardava o trabalho para as do nobre
No Inverno, mesmo às portas do Natal
Vinha o frio e fustigava o trabalhador pobre
O eu rapazinho antes do nascer do sol lá ia também afinal
Botas da cor da pele
Sentir o arrepio do vento frio não era banal
Enxada ao ombro, seguia na cola do pai
Pés de pele curtida pelos frios
- Pai, isto vai mas sugere um ai
- Meu filho o céu está limpo, vai aparecer o sol
O sol é a capa dos pobres, Deus também é Pai
O calor do sol e do trabalho são agasalho
Vinha o Dia de Natal, equiparado a Domingo o frio se esvai
Para esses dias havia calçado
Natal, Ano Bom, Dia de Reis, acabava a missa
Nos três havia o beijo nos pés do Deus Menino Santificado
Havia sempre um tostão para deixar numa bandeja
Para tudo ser perdoado
Perdoado de quê?
Talvez houvesse rancho melhorado
Uma peça que o galinheiro produzia a assinalar o dia
Não fora o humanismo poderia sentir-me maltratado
Nunca serão esquecidos esses Natais
Sempre ficarão na lembrança
Como os demais
Eram outros tempos para recordar
Foram tempos passados reais

Daniel Costa

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